Sugestão Pedagógica: Deficiencia Mental

· Proporcionar um ambiente tranqüilo, em que as crianças estejam sempre ocupadas;
· Dosar atividades em relação a duração e ao interesse que possam despertar;
· Estabelecer os limites de forma positiva;
· Manter a voz suave, não falar muito, nem muito alto, nem muito depressa;
· Evitar as comparações entre as crianças;
· Facilitar para que a criança aprenda pela sua própria ação. Deixar que ela tente,experimente e observe;
· Pedir sempre ao aluno, após uma atividade, que descreva sua ação: verbal, gráfica e corporal;
· Nunca subestimar o aluno, quanto as suas capacidades;
· Ter em mente que o aluno com deficiência mental aprende num ritmo mais lento que as demais crianças devendo, portanto, ser respeitado o seu desenvolvimento;
· Propor a criança à realização de jogos e brincadeiras, de acordo com a fase de desenvolvimento em que se encontra, transformando a aprendizagem em algo lúcido e agradável, permitindo a criança que demonstre criatividade e iniciativa;
· Procurar dividir cada atividade em etapas, ensinando-as uma a uma, até que a criança seja capaz de realizar toda atividade sozinha.

MATERIAIS QUE AUXILIAM O ENSINO DA MATEMÁTICA

São recursos materiais que poderão ser usados para auxiliar o ensino da matemática para crianças com deficiencia mental independentemente da utilização dos métodos a que se referem. Destacamos:

I. Material Cuisenaire

Este material, de Georges Cuisenaire (1953) consiste em dez peças confeccionadas em cores diferentes:

• Branca = 1
• Vermelha = 2
• Verde clara = 3
• Carmim = 4
• Amarela = 5
• Verde escura = 6
• Preta = 7
• Marrom = 8
• Azul = 9
• Alaranjada = 10

A menor peça é um cubo com um centímetro de aresta e indica a unidade. A partir deste cubo são construídas as demais peças.

A segunda peça é um paralelepípedo, cuja base, igual ao cubo e altura dupla correspondente a dois cubos, indica a quantidade dois.

A terceira peça é, também, um paralelepípedo com a base, igual ao cubo e a altura tripla, ou seja, correspondente a três cubos, indica a quantidade três.

E, assim, as outras peças continuam a aumentar até chegar à altura igual a dez vezes a aresta do cubo.

Deve ser observado que, na construção do material por Cuisenaire, houver a preocupação de fazer uma associação entre número e cor conforme exemplificação a seguir:

- A peça menor, cubo, que corresponde à unidade, é branca;
- As peças 2, 4 e 8 são: vermelha, carmim e marrom (nuances do vermelho);
- As peças 3, 6 e 9 são: verde clara, verde escura azul (nuances do verde/azul);
- As peças 5 e 10 são amarela e alaranjada (nuances do amarelo);
- A peça 7 é preta.

Deve-se notar, ainda, a seguinte associação:

- As peças branca e preta são únicas, ou seja, não possuem nuances e correspondem aos números primos 1 e 7;
- Os conjuntos: 2, 4 e 8; 3, 6 9; 5 e 10 evidenciam os dobros, triplos, as potências 2 e 3.

Com as dez peças o professor tem um recurso material excelente para o ensino da matemática

II. Material Montessori

Maria Montessori (1926), após estudos realizados, elaborou um método para ensinar deficientes mentais. Dentre o material Montessori, trataremos apenas de alguns que estão mais diretamente vinculados ao ensino da matemática. Desta forma, destacamos:

• Barras com segmentos coloridos vermelho/azul: Consiste de 10 barras que entre si mantém uma relação de 1 a 10. A menor barra tem 10cm, equivale ao primeiro segmento, é vermelha e representa a quantidade um. A segunda barra tem 20cm, contém um primeiro segmento com 10cm na cor vermelha e um segundo segmento com 10cm na cor azul e equivale à quantidade dois. A terceira barra de 30cm possui o primeiro segmento de 10cm na cor vermelha, o segundo de 10cm na cor azul e o terceiro segmento de 10cm na cor vermelha e equivale à quantidade três. E assim, sucessivamente, até a barra com um metro de comprimento que representa a quantidade dez.

As barras confeccionadas por Montessori facilitam o cálculo porque, ao se colocar a barra indicativa de quantidade “um’ ao lado da barra de quantidade “dois”, obtém-se um comprimento igual à barra de quantidade “três”, ao mesmo tempo que esta operação é realizada ocorre o processo de síntese, ou seja, o aluno efetua uma adição.

• Algarismos em lixa: Servirão para o ensino dos dez numerais (sinais gráficos dos números), além de proporcionar também a estimulação tátil. São constituídos de dez cartões sobre os quais estão colocados os algarismos confeccionados em lixa (0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9).

• Encaixes geométricos: É constituído de material plano com molduras correspondentes para o encaixe das figuras geométricas: quadrado, retângulo, círculo, triângulo, trapézio, etc.

III. Blocos lógicos

São blocos que poderão ser grupados por atributos: forma, tamanho, espessura e cor. Assim, o aluno poderá agrupar as peças pelas cores: amarelas, azuis e vermelhas. Também poderá agrupa-las pelo tamanho: as maiores e as menores, ou seja, as grandes e as pequenas. Ainda poderá agrupa-las pelas formas: quadrados, triângulos, retângulos e círculos. E, finalmente, agrupa-las pela espessura: grossas e finas. Utilizando o quadro de dupla entrada, o aluno poderá classificar as peças atendendo uma solicitação. Por exemplo: círculo amarelo, quadrado vermelho; retângulo grosso, quadrado fino, etc.

Os blocos também poderão ser agrupas por tamanho, pó exemplo, quadrados pequenos, retângulos grandes, etc.



IV. Material dourado

É um material que auxilia o ensino da matemática, possibilitando ao aluno adquirir, de forma concreta, os conceitos matemáticos.

Este material é constituído de: a) um cubo com 10cm de aresta representando um milhar; b) 10 prismas com um centímetro de altura e 10cm de largura e 10cm de comprimento representando as centenas; c) 100 prismas com um centímetro de altura, um centímetro de largura e 10cm de comprimento representando as dezenas; d) 500 cubos com um centímetro de aresta representando as unidades.

O material dourado possibilita o ensino: a) da idéia de número; b) do valor posicional dos algarismos; c) das classes e ordens de um número; d) da composição e decomposição de um número; e) de números pares e ímpares; f) da adição, subtração, multiplicação e divisão; e g) números decimais e fracionários.


Apresentaremos a seguir alguns materiais confeccionados simplesmente para funcionar como estímulos (estimulação visual, auditiva, tátil, cinestésica), também servem como auxiliares para o ensino da matemática.


V. Quadro de dupla entrada: É utilizado para o treinamento dos conceitos básicos.


VI. Dominó: É utilizado pra treinamento variado (conceitos básicos, número/numeral) conforme sua confecção.

VII. Numerais de 1 a 9 confeccionados em madeira: São utilizados para o treinamento da identificação e nomeação dos numerais.


VIII. Cartões para encaixar com ajustamento: Consiste de cartões dispostos como se fossem quebra-cabeças de duas peças, sendo que numa das peças encontra-se o numeral e noutra um objeto representando o número.


IX. Cartões com sinais e numerais inscritos: São utilizados para o ensino das operações fundamentais.

Sistema de Instrução Personalizada (Personalized System of Instruction, PSI)

Esse sistema tem como características:

1. O aspecto de progredir no próprio ritmo, que permite ao aluno passar pelo curso numa velocidade compatível com a sua habilidade e outras exigências do momento.
2. O requisito da perfeição da unidade para avançar, que permite que um aluno prossiga em um material novo apenas depois de demonstrar domínio do material que precedeu.
3. O uso de palestra e demonstrações como veículos de motivação, ao invés de fontes de informação fundamental.
4. A ênfase na palavra escrita na comunicação professor-aluno.
5. O uso de monitores que permitem testagens repetidas, avaliações imediatas, tutela quase inevitável e um aumento acentuado no aspecto sócio-pessoal do processo educacional (Keller, 1972).


Segundo Costa, temos que as características mais importantes que justificam a utilização deste procedimento para o ensino de matemática para deficientes mentais são:
1. Permite que o aluno possa progredir no seu próprio ritmo, ou seja, passar pelo aprendizado em uma velocidade compatível com sua habilidade e de outras exigências de seu momento;
2. Facilita as aproximações sucessivas, ou seja, a seqüência do ensino a ser colocado de maneira simplificada, sempre obedecendo a uma graduação progressiva de dificuldades;
3. Favorece o reforçamento/correção imediata do desempenho do aluno facilitando, assim, a aquisição por parte deste.

Se o aluno não aprender, então não houve ensino, ou seja, o que foi ensinado não estava de acordo com o repertório do aluno. Portanto, saber o repertório do aluno é o ponto fundamental para elaborar um programa de ensino, deve-se procurar avaliar se o aluno possui no repertório comportamentos necessários para a aquisição da matemática.

O programa para ensinar iniciação à matemática para o aluno deficiente mental compreende seis classes de comportamentos terminais:

1. Realizar agrupamentos: Realizar agrupamentos de objetos que possuem características comuns (mesma cor, mesma forma, mesmo tamanho, mesma espessura); representar o agrupamento (identificar objetos com um elemento, separar sub-agrupamentos); realizar relações entre agrupamento (identificar pertinência e inclusão entre agrupamentos, realizar comparação entre agrupamentos); identificar tipos de agrupamento (nomear e classificar tipos de agrupamentos) e realizar operações entre agrupamentos (reunião e intersecção).

2. Realizar relações de quantificação: Comparar agrupamentos (identificar o que tem mais elementos, o que tem menos elementos e os que têm a mesma quantidade, identificar o agrupamento que tem um elemento a menos e o que tem um elemento a mais).

3. Registrar quantidades: Identificar quantidades (separar e organizar quantidades); nomear quantidades (tanto organizadas como separadas); grafar quantidades (grafar numerais).

4. Realizar relações entre quantidades: Realizar operações (juntar quantidades, tirar quantidades, colocar quantidades para formar uma quantidade dada, comparar agrupamentos de sorte que fiquem com a mesma quantidade; repetir grupos coma mesma quantidade, repetir quantidades para que o grupo fique coma mesma quantidade, distribuir grupos com a mesma quantidade).

5. Realizar medidas: Identificar instrumentos de medida de tempo (construir ampulheta, manusear relógio digital e analógico); realizar a medida do tempo (identificar horas, minutos e segundos); identificar medidas arbitrárias de grandeza (realizar medidas utilizando o palmo, o passo, o pé, a polegada); identificar medidas padrão de grandeza (metro); identificar medidas arbitrárias de massa (utilizando a xícara, o copo, o punhado); identificar a medida padrão de massa (grama); identificar medidas arbitrárias de capacidade (utilizando o recipiente plástico, o copo, a garrafa); identificar a medida padrão de capacidade (litro).

6. Realizar classificações geométricas: Identificar formas geométricas encontradas na natureza (formas semelhantes, formas diferentes); identificar formas geométricas nos objetos construídos pelos homens (comparar formas semelhantes e diferentes, comparar semelhanças entre figuras planas); identificar figuras planas (comparar diferenças entre figuras planas); classificar os sólidos geométricos (identificar os sólidos de acordo com a superfície plana e com a superfície curva); classificar as figuras planas (identificar quadrados, triângulos etc).

- fornecer aos alunos blocos lógicos, para que identifiquem os tamanhos;
- formar conjuntos que identifiquem mais curto/ mais comprido;
- identificar folhas de árvores ora mais largas, ora mais estreitas;
- pedir às crianças identificarem os troncos mais grossos, menos grossos;
- colocar em ordem crescente objetos finos para grossos;
- formar fila e perguntar às crianças quem está na frente e quem está atrás;
- identificar objetos nas posições embaixo, em cima, dentro, fora, frente...
- propor atividades que os alunos identifiquem a esquerda e direita de seu corpo;
- pedir para os meninos caminharem para uma direção e as meninas para outra;
- promover corridas para ver quem corre mais depressa;
- fornecer jogos de seqüência lógica;
- pintar em folhas mimeografadas o que ocorre no dia da criança em seqüência determinada por cores;
- colar lã sobre as linhas traçadas;
- pintar o interior das linhas fechadas;
- mostrar aos alunos o que é um conjunto utilizando material concreto;
- pedir que recortem figuras de “animais” e colem, formando conjuntos de “animais”;
- pedir que formem dois conjuntos com blocos lógicos; ex.: triângulo grosso, triângulo fino;
- pedir que as crianças identifiquem a cor do céu, sol, sangue...
- montar dominós de cores para as crianças jogarem;
- separar peças de blocos lógicos pela cor;
- formar conjuntos e pedir às crianças para identificarem o conjunto que tem mais ou menos elementos;
- pedir para as crianças desenharem conjuntos com muitos frutas, poucas frutas;
- formar conjuntos com vários elementos pedindo que as crianças liguem um para um;
- formar conjuntos, contar quantos elementos há dentro do conjunto e colocar o numeral correspondente;
- fornecer atividades para fixar os números;
- realizar jogos de dominó;
- trabalhar com símbolos de igual e diferente, para conjuntos, elementos e numerais;
- trabalhar com pares (meia, sapato, caderno, lápis) das crianças, explicando o que é formar par;
- pedir que as crianças formem dois montinhos de botões. Ex.: um com “3”, outro com “2”, perguntar quantos elementos há em um todo e qual a operação realizada. Escrever na lousa 2+3=5 2+3=5
- Idem ao anterior, porém retirar os botões “2”, pede para verificar quantos botões sobraram, explicar a operação realizada: 5-2=3 5-2=3
- pedir que as crianças tragam uma fruta, cortá-la ao meio, explicando que cada parte é a metade da fruta;
- recortar gravuras de pessoas mais gordas e pessoas mais leves.